A DESGARRADA

O que eu gosto mesmo é de conjugar o verbo "gargalhar". Venham as gargalhadas, pois que na sua partilha é que está o ganho, seja na primeira pessoa do plural, na terceira do singular...
Uma desgarrada universal pela batuta improvisada dos episódios aleatórios da vida. Um desvio na direcção do horizonte, do nascer do sol, ao pôr-do-sol, percorrendo o arco-iris. Tanta felicidade que acelera em velocidade automática e só trava, quantas vezes, na lágrima ou naquele pingo que rompe sem aviso das partes mais íntimas do Ser. Uma combustão que aquece a alma e traz uma leveza interna.
Quantas bênçãos reunidas num pequeno gargalhar conjunto! Impossível travar o contágio. Acende-se o rastilho e já ninguém o agarra. Pudesse ser esta a inoculação que nos protege, a nós e aos outros, aí sim, seria tudo perfeito. E ficaria, seguramente, tudo bem. Sem medos colocariamos a máscara do gargalhar para a protecção colectiva contra a maior causa de mortes no mundo: a solidão. E o medo. Uma inoculação voluntária, segura e eficaz para todas as idades.Tomariamos todas as doses de reforço, sem dor nem perigo de reacções adversas.
Gargalhar precisa-se. Vamos conjugar o verbo juntos?